
Aplicação de Nitrogênio Liquido em Criocirurgia
Criocirurgia
A palavra Criocirurgia deriva do grego crio (κρύο) que significa frio intenso ou gelo e cirurgia (cheirourgiki – χειρουργική) que significa trabalho manual. Portanto, é uma técnica cirúrgica que busca trabalhar com baixíssimas temperaturas, buscando o congelamento bem abaixo de 0º C, para obter a destruição e remoção de tecidos comprometidos e/ou indesejados.
Há relatos do uso do frio na Medicina que datam de 2500 a.C. , descrito pelos antigos egípicios.
Antes do termo atualmente consagrado como Criocirurgia, já foram utilizados outros nomes no passado, como criocongelamento, cirurgia criogência, cauterização a frio e crioterapia, este último ainda sendo utilizado em algumas situações.
Há vários agentes criogênicos para obter este congelamento, no entanto , atualmente se utiliza praticamente só o nitrogênio líquido, que é produzido industrialmente em grandes quantidades, a partir da destilação fracionada do ar atmosférico, onde ele se encontra em altas concentrações (78 %). O nitrogênio líquido se tornou comercialmente disponível a partir de 1945.
Por sua capacidade de se manter no estado líquido, em temperatura bem abaixo do ponto de congelamento da água ( – 196,15 ºC ) , ele é extremamente útil em uma gama enorme de aplicações, que vão da fabricação do aço inoxidável, conservação de embriões, combustível de foguetes e várias áreas da Medicina, especialmente na Dermatologia.
Normalmente trabalha-se entre – 10º C e – 60 º C nos tratamentos dermatológicos, em ciclos únicos ou duplos, dependendo da profundidade, tamanho e tipo das lesões a serem tratadas.
Sua aplicação pode ser feita em lesões simples como manchas, verrugas, ceratoses actínicas, ceratoses seborréicas, molusco contagioso, cisto mucoso labial, hiperplasia sebácea, granuloma piogênico, hemangiomas, lesões genitais por HPV (condilomas) e também em lesões mais complexas, como no câncer de pele (carcinoma basocelular e carcinoma epidermóide ou espinocelular).
O método é simples, seguro, de baixo custo e geralmente apresenta ótimos resultados estéticos, desde que utilizado por dermatologista treinado na Criocirurgia. Pelo seu potencial altamente destrutivo, é fundamental que o dermatologista conheça a fundo os princípios da Criobiologia, que foram descritos há quase 250 anos atrás, a fim de obter os resultados desejados (o médico inglês John Hunter os demonstrou após anos de estudos in vitro, no ano de 1777).
Utiliza-se a Criocirurgia desde 1960 e em larga escala na Dermatologia, há pelo menos de 50 anos, no mundo todo.
Em 1963, Irving Cooper, em Nova Iorque desenvolveu um aparelho para aplicação de nitrogênio líquido, que foi amplamente utilizado em hemangiomas, na neurocirurgia, em tumores de próstata, colo uterino, entre outras aplicações. Mas, foi na Dermatologia, que a Criocirurgia atingiu seu maior sucesso e destaque, com ampla utilização até os dias atuais.
Uma busca no Google nos permite encontrar diversos trabalhos, especialmente em inglês, onde são relatados, por exemplo, trabalhos com até 30 anos de experiências positivas no tratamento do câncer de pele, com taxas de cura entre 95 e 98%. (*1 – link para trabalhos médicos)
Para obter tal êxito, é fundamental ter o conhecimento para escolher adequadamente as lesões, sejam elas benignas ou no tratamento do câncer de pele, cumprindo os devidos parâmetros oncológicos e criogênicos.
É altamente recomendado um treinamento específico, o qual realizei há 32 anos atrás, com o pai da Criocirurgia Latino Americana , o saudoso Dr. Gilberto Castro Ron (*2 homenagem ao Castro Ron)
Durante estas três décadas, tive a oportunidade de aplicar a técnica em larga escala, no Hospital das Clínicas da USP, como médico residente e posteriormente como colaborador do ambulatório de Criocirurgia do Departamento de Dermatologia, no Hospital São Paulo – Escola Paulista de Medicina, atual UNIFESP, como coordenador do ambulatório de Criocirurgia do Departamento de Dermatologia e como Chefe da Dermatologia do ICAVC (Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho) por cerca de 15 anos. O ICAVC foi a primeira instituição brasileira destinada ao estudo e tratamento do câncer, idealizada em 1920 pelo Dr. Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho, a qual abriu as portas em 1929, em terreno cedido pela Santa Casa de São Paulo, onde funciona até hoje. Durante todos estes anos, também apliquei e continuo aplicando a Criocirurgia nas clínicas de Moema e Santo Amaro.
Um cirurgião bem treinado na Criocirurgia e na Cirurgia convencional, pode obter excelentes resultados utilizando ambas as técnicas, porém, com nítidas vantagens para a Criocirurgia em boa parcela dos casos. Após estes 30 anos, posso afirmar com tranquilidade, que obtenho o mesmo grau de sucesso com as duas técnicas, bastando para tal, o conhecimento e a experiência na utilização dos parâmetros de segurança (*4 link para site tratamento de câncer de pele).
A grande vantagem da Criocirurgia, é poder tratar o câncer de pele com anestesia local, no próprio consultório, evitando reconstruções com rotações de retalhos ou enxertos, que muitas vezes demandam internações hospitalares e anestesia geral. Especialmente no nariz e orelhas, podem ser obitidas altas taxas de sucesso, preservando a arquitetura original das estruturas, com excelentes resultados estéticos, normalmente superiores aos da cirurgia convencional.
A enorme maioria das pessoas que têm um carcinoma basocelular ou carcinoma epidermóide ou espinocelular, está apta a submeter-se à Criocirurgia. Pessoas idosas com outras comorbidades, aquelas com contra indicação formal para anestesia geral, as que utilizam marca passo ou tomam anticoagulantes e sangram com facilidade, os que tem fobia do ambiente hospitalar, também são excelentes candidatos à Criocirurgia.
Além de ser uma cirurgia com custo significativamente menor, já que é feita por apenas um médico e não uma equipe cirúrgica com auxiliares e instrumentação e sem gastos com internações hospitalares.
Em casos extremos, em pessoas com alta dificuldade de locomoção ou remoção, há situações onde o procedimento pode ser realizado até em casas de repouso, onde o paciente esteja acolhido.
Há também casos pouco comuns de tumores muito grandes, com outras restrições cirúrgicas, onde combinamos radioterapia prévia, seguida de complementação com a Criocirurgia, assim como casos inoperáveis através da cirurgia convencional, onde fazemos a Criocirurgia paliativa.
O tratamento de câncer de pele, (carcinoma basocleular ou epidermóide ou espinicelular) ocorre a partir de uma dinâmica que envolve a destruição do tecido ou da pele comprometida, no qual as células indesejadas são destruídas a partir de -30º C ou – 40º C. Para tal, utilizamos dois ciclos de congelamento-descongelamento, onde se atinge na pele, temperaturas ao redor de – 60º C, com boa margem de segurança e sem nenhuma dor, apenas com o uso de de 2 a 6 ml de anestésico local, algo equivalente à uma anestesia dentária.
Importante frisar que a grande maioria das lesões benignas tratadas com a Criocirurgia, sequer requerem anestesia local, já que apresentam uma sensação de dor bastante suportável, até mesmo por crianças.
Somente lesões mais profundas, em áreas muito sensíveis ou no tratamento do câncer de pele, é que há necessidade da anestesia local acima mencionada.
Estes procedimentos podem ser realizados na sala de cirurgia das clínicas, Unidade 1 – Moema e Unidade 2 – Santo Amaro, ambas regulamentadas com alvará da Vigilância Sanitária para cirurgias com anestesia local.
Sugerimos aos que tenham interesse em se aprofundar no assunto, que busquem informação complementar nos mecanismos como o Google, digitando “Cryosurgery on skin cancer”. É possível ter acesso à inúmeras citações de trabalhos médicos e sociedades médicas sobre o tema, no mundo todo, fotos dos aparelhos e fotos com pacientes tratados com a Criocirurgia.
Ressaltamos que este conteúdo é dirigido ao público leigo, porém, nos colocamos à disposição de colegas médicos de outras áreas, que eventualmente desejem ter maiores informações sobre a Criocirurgia, podendo entrar em contato diretamente com nossas unidades.


Resultados do Tratamento de Câncer de Pele com Criocirurgia

